sábado, 31 de março de 2007

I Passeio Pedestre da ACDB - 3

Um sol ameno irradia a fria manhã de Domingo. Os seus primeiros raios são aproveitados por um grupo de pessoas. Tantas quantos os minutos da hora que mudou. Não o suficiente para lhes enganar o relógio. Foi a alegria de passear numa manhã domingal que as tirou da cama. O relógio marca nove horas. Como habitualmente, sorriem (ensonadas) para as câmaras fotográficas que guardam o momento. Está dado o sinal de partida para a jornada que se segue.

Pés à obra. Esperamos que o percurso não se transforme num calvário antes de lá chegarmos. Aqui vamos nós. Gente conviva, esta. Aproveita-se para se pôr a conversa em dia enquanto o matutino Beijós vai acordando. Dá-se-lhe os bons-dias.

Estamos a chegar às Mestras. Ao fundo começam-se a vislumbrar traços de um vale encantado. O céu desceu à terra! Tudo irradia. Os raios que atravessam o transcendente e fumegado horizonte, ainda conseguem fazer com que os prados brilhem. Decerto que as suas ervas saberão docemente quando forem pastadas. Ouvimos a ribeira a correr apressada, a fugir do fogo que arde sem se ver, enquanto a atravessamos. Permanece um friozinho que arrepia a pele.

Continuamos num trilho de terra pisada enquanto dizemos à ribeira um “até já!”. Uma nova fragrância de Primavera invade o nariz. O vento não compareceu. Talvez esteja a recuperar da última saída nocturna. De certo à tarde fará uma escapadinha.Subimos a escarpada Ladeira. Procuramos Jerusalém ao fundo, mas só vimos Beijós. Ai santo Calvário que tão bela paisagem nos mostras! Hora para a fotografia, e de seguida nova procissão. Descobrimos longos campos escondidos . Aqui a terra tresanda a suor. Dois pios fininhos lembram que a Primavera chegou há bocadinho. Chegamos ao Deldoreto.

Quanto maior é a subida maior é o tombo e nova escarpadura nos espera. Agora é a descer. Entramos no Caminho da Ribeira. Dizemos-lhe novamente “olá!”. Perscrutamo-la mas não encontramos peixes. “Já lá vai o tempo.”. Nova subida e o calor sobe connosco. Duas pedras voam sobre nós. Olhei com mais atenção e vi que eram andorinhas. Escondemo-nos novamente na sombra dos pinheiros, que nos irá acompanhar até ao Penedo.

A partir dum magnífico miradouro vislumbramos uma paisagem de cortar a respiração. Os nosso olhos perdem-se no abismo que ladeia a laje que pisamos. O Dão corre silencioso, no fundo, enquanto passa por entre uma dúzia de casas e muitos outros descampados. O Sr. João já aí vem com a fruta: chegou a hora do farnel matinal. Duas andorinhas poisam para descansar. Um pastor passa com as suas ovelhas.

Novo lanche, agora numa casa portuguesa, com certeza. Um copito de vinho para o pessoal. E para quem ainda não conseguiu acordar da vista sobre o vale do Dão, também há café. Adeus Penedo, que ainda há muito para andar. A terra transformou-se em alcatrão. Apanhamos o nosso Expresso do Oriente com paragem em Beijós. Mas esta terra não gosta da cor negra e rapidamente retoma a original. Perdemo-nos numa imensidade de árvores de folha acicular. Também estas não quiseram faltar. Algumas vieram do outro lado do mundo para nos fazerem companhia. Caminham em direcção ao céu, como antenas.

Antes da subida final, de novo a ribeira. Agora é a que vem do Pisão. Chegámos à Associação. Acabou o passeio, mas ainda chegámos a tempo de ver o milagre da multiplicação. De pessoas, agora temos o dobro. Será preciso um idêntico para a comida? Vamos, o porco está à nossa espera.

2 comentários:

beijokense disse...

O repórter, além de se ter esmerado nas fotos, ainda teve inspiração para um texto destes... fez-lhe bem ter-se levantado cedo :)

Anónimo disse...

MUITOS PARABÉNS!:-)
Este texto foi colhido no oxigénio fresquinho da manhã, que purificou o sangue e deu mais força à inteligência.
Descritos cada passo que os caminheiros deram, pela mão sábia de pessoa do mundo erudito.
Aqui as fotografias não são mais do que um complemento ao que a caneta quis revelar.
VAIS BEM! PARABÉNS UMA VEZ MAIS.:-)